segunda-feira, 13 de julho de 2009

en Voyage... A beleza sob o sol - as ninfeias de Monet

Claude Monet, pintor impressionista, ficou muito conhecido pelos seus quadros retratando as ninfeias (ou nenúfares), plantas aquáticas com flores de extrema delicadeza. Ele pintou diversas telas com este tema, além de construir um lago na sua casa, em Giverny (próxima a Paris), para cultivá-las e observá-las mais atentamente, em toda a sua beleza.

Porém, as ninfeias a que me refiro no título são a sua obra-prima, Les Nymphéas, que encontra-se exposta (instalada seria melhor...) em duas salas ovais, no Musée de l´Orangerie, um dos dois museus que encontram-se voltados para a Place de la Concorde, ao final do Jardin des Tuileries (metrô Concorde). Esta série de oito imensos painéis foi executada por Monet, em Giverny, e recobre as paredes das salas, segundo instruções do próprio pintor. Estes painéis, feitos durante a 1ª. Guerra Mundial, foram doados a França, em homenagem ao Dia do Armísticio (11 de novembro de 1918).


Toda obra impressionista leva em consideração a luz – os pintores deste movimento costumavam pintar ao ar livre, atentos às variações de iluminação solar. Monet possui uma série de quadros (lindíssimos, por sinal!) em que ele retratou a espetacular Catedral de Rouen, França, em diferentes momentos do dia! Mas isto é assunto para um post especial (aqui)...


Entretanto, estas ninfeias são mais do que especiais – são únicas! Elas foram projetadas para ser expostas em um ambiente banhado pela luz do sol, de forma que a variação de iluminação criasse diferentes nuances nas telas. Originalmente, os painéis foram trazidos de Giverny e instalados no Orangerie, no andar térreo, em duas salas ovais (quatro painéis por sala), que recebiam luz solar. No entanto, com uma obra de renovação no museu, nos anos 1960, criou-se outro piso, superior às salas, que ficaram como que no subsolo, sem nenhuma luz natural, durante muito tempo. Quando vi as ninfeias pela primeira vez, em 1998, elas estavam assim; porém, eram espetaculares! Nunca tinha visto nada igual!


Cabe também observar que a obra impressionista deve ser admirada sob dois prismas: à distância e em proximidade, criando assim, duas diferentes visões da mesma obra, quase que como duas obras distintas. À distância, vemos o todo, a visão macro. Mas, quando nos aproximamos, tomamos contato com a textura, vemos as pinceladas de tinta, que, a princípio, parecem soltas, sem sentido. Este sentido somente aparece na visão total, com o afastamento da tela.
E, no Orangerie, essa diferença ocorre em proporções gigantescas – como podemos nos aproximar bastante das enormes telas, ou sentar para vê-las com mais calma, tudo adquire maior impacto. Lembro que fiquei deslumbrada, principalmente, com o jogo de cores e a criação da forma geral pelas partes (as pinceladas do mestre). Saí de lá ainda bastante impressionada com aquela série, que muitos dos que visitam Paris não conhecem, pelo simples fato de ficar em um museu menos conhecido. Aliás, em um próximo post, volto a este assunto, falando do incrível Musée Marmottan.


Bem, naquela época, o Orangerie estava todo fechado, exceto as salas das ninfeias. Pouco depois da minha visita, em 2000, ele fechou completamente para reformas, somente reabrindo em 2006.
Ano passado, voltei ao museu, já totalmente modificado e restaurado, e pude ter uma visão ainda mais espetacular das ninfeias – a incrível obra de arquitetura e renovação havia conseguido recuperar a luz natural nas salas ovais, colocando claraboias, que permitem a entrada da luz do sol novamente! Demais! Uma dica: não deixem de visitar a exposição das maquetes do museu, da origem à última renovação, onde é possível entender toda a obra que trouxe de volta o que Monet imaginou para as suas ninfeias.


Quando cheguei, o tempo estava nublado; de repente, o sol se abriu e... uau! Uma nova e esplendorosa visão! As ninfeias adquiriram outros tons e cores, como eu jamais vira, quase que um milagre, instantaneamente! Parecia que eu olhava para outras obras! Elas pareciam estar acesas, em especial um dos painéis, no qual o amarelo predomina. Nunca pensei que a diferença seria tão grande – mas bem faziam os impressionistas que aclamavam o sol em suas pinturas!



Agora, Les Nymphéas estão ainda mais fulgurantes, cheias de vida e cor, podendo ser admiradas com a variação da luz do dia. Por isso, quando for conhecê-las, fiquem por um tempo mais longo, quem sabe aproveitando a tão conhecida instabilidade do tempo parisiense... Vocês não irão se arrepender.

8 comentários:

Patricia de Camargo disse...

Lindo post! Que vontade de ir a Paris para ver estas obras de Monet!
Beijos

Valéria Martins disse...

Um desejo é visitar a casa onde ele pintou as Ninféias, em Giverny. Quem sabe a vida me leva lá?...
Beijos, Claudia

Sandra Matano disse...

Claudinha querida agora nesse post vc arrasou !!!!!
se tem uma coisa que me inspira são esses pintores,eu adoro ir aos museus pra ficar bem de pertinho nem que for só pra olhar e admirar essa arte.......eu valorizo e as vezes até me emociono.....sério!
Monet,Degas e Renoir pra mim são um trio perfeito do impressionismo
adorei o post

bjk

Chez POPI disse...

Eu fico aqui só imaginando a beleza desse quadro ao vivo e a cores!!!!
Mas amiga vc conseguiu passar a beleza dessa pintura no seu post
mais uma vez parabéns!
Bjus, Paula

Marília disse...

Monet é um sonho mesmo...

voltei ao blog, Claudinha!!! rs

beijos

Moda Trash disse...

Lembro de ter visto algumas de suas obras com o famoso jardim na exposição que teve aqui. Marcou-me muito, pois foi meus primeiros contatos com a arte. Ele e Salvador Dalí.
bjkassssssss

Chris - da Chria disse...

Claudia
este post é incrível!
Eu Amo as pinturas de Monet - acho que sabe ...
são encantadoras!
bjos
Chris

Cristina Uetake disse...

Claudinha, Monet é o pintor que mais amo... sabia? Depois vem Marc Chagall!!! São estilos diferentes, mas que amoooooooo! Bjks